HRW DENUNCIA FALHAS GRAVES NAS INVESTIGAÇÕES APÓS OPERAÇÃO POLICIAL NAS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO
A Human Rights Watch (HRW) criticou a actuação das autoridades brasileiras na sequência da megaoperação policial que, na passada terça-feira, resultou na morte de mais de uma centena de pessoas nas favelas do Rio de Janeiro, destinado a desmantelar o grupo de traficantes, Comando Vermelho.
De acordo com a organização internacional de direitos humanos, a polícia não preservou o local dos confrontos para perícia, uma etapa fundamental para apurar as circunstâncias exactas das mortes.
“As famílias das pessoas mortas na operação de 28 de Outubro, incluindo as dos próprios polícias, merecem saber o que realmente aconteceu. É preocupante que etapas cruciais da investigação tenham sido ignoradas e provas decisivas possam já ter sido perdidas”, afirmou o representante da HRW no Brasil, César Muñoz.
A operação, que envolveu cerca de 2.500 agentes das polícias militar e civil, contou com o apoio de veículos blindados e helicópteros e teve como alvo membros de uma das mais poderosas facções criminosas do país, cujo líder encontra-se foragido, há seis dias.
Relatos recolhidos pela HRW indicam que os polícias poderão ter recolhido as armas dos mortos antes de abandonar o local, comprometendo desta feita uma possível investigação independente.
O procurador-geral do Estado do Rio de Janeiro admitiu “estranhar a ausência de controlo e isolamento” da área. Ainda assim, o secretário da Polícia Civil anunciou uma investigação contra os moradores, acusando-os de “adulteração de provas” por terem removido os corpos.

A HRW refutou a acusação, alegando que a responsabilidade recai sobre a própria polícia, por não ter isolado a zona. A organização também denunciou a ausência de peritos criminais na praça onde os corpos foram deixados.
“Foi uma falha grave. Os peritos deveriam ter documentado o local, recolhido amostras de resíduos de pólvora e garantido a preservação das provas”, lê-se na nota da HRW, tornada pública na sexta-feira, 31 de Outubro.
A polícia apresentou à imprensa 118 armas apreendidas durante a operação, gesto também criticado pela HRW. A organização justifica que o procedimento não é o mais viável, com alegações que o protocolo exige o armazenamento das armas em sacos lacrados e o envio directo para a perícia.
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