BUREAU GLOBAL: LANÇA FÓRUM NACIONAL DE PRÁTICAS DE SAÚDE E SEGRANÇA NO TRABALHO
O especialista em Higiene e Segurança no Trabalho, Telmo dos Santos, afirmou esta quarta-feira, 6 de Agosto, durante o lançamento do Fórum Nacional de Práticas de Saúde e Segurança no Trabalho, que entre 80% a 90% dos acidentes laborais têm origem em erro humano.
Segundo o perito, as causas estão frequentemente associadas à negligência, à fadiga, à falta de formação adequada, à desmotivação e a uma cultura organizacional deficiente, marcada por ambientes laborais inseguros e por decisões erradas tomadas tanto por trabalhadores como por entidades empregadoras.
Telmo dos Santos, que também é escritor e formador na área, apontou diversos factores críticos que contribuem para os sinistros no local de trabalho. Entre eles, destacou a ausência de diálogo entre colegas, a desorganização dos postos laborais, o ruído excessivo, a má avaliação de riscos e a carência de Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s).
Para o especialista, o cenário actual reflecte não apenas falhas humanas individuais, mas também lacunas estruturais das instituições, que negligenciam a segurança como prioridade.
De acordo com o especialista, os erros humanos mais frequentes resultam de falhas cognitivas, cansaço extremo, esforço físico excessivo, problemas de atenção, dificuldades sócio-económicas e, em alguns casos, do consumo de substâncias como álcool ou drogas durante o expediente.
“O excesso de confiança e o desrespeito pelas normas básicas de segurança são igualmente factores agravantes que comprometem a integridade dos trabalhadores”, referiu.
No fórum, foram ainda apresentados os tipos de acidentes mais comuns em contexto laboral.
As quedas em altura continuam a ser uma das principais causas de lesões graves, seguidas por lesões musculoesqueléticas provocadas por movimentos repetitivos e posturas incorrectas. Também se registam com frequência acidentes causados por contacto com substâncias perigosas, cortes, esmagamentos e ferimentos resultantes da utilização inadequada de máquinas e ferramentas. Incêndios, explosões e falhas eléctricas constam igualmente da lista de acidentes recorrentes.
Numa perspectiva internacional, Telmo dos Santos sublinhou que países como o Vietname, Bangladesh e Etiópia, que juntos empregam cerca de 150 milhões de trabalhadores, figuram entre os vinte com maior índice de sinistros laborais. Contudo, alertou para a falta de transparência e a escassez de dados oficiais sobre acidentes de trabalho a nível mundial.
Segundo o especialista, apenas 52 países, dos cerca de 200 analisados, reportaram estatísticas actualizadas a partir de 2020. Outros 61 países, o equivalente a 30,5% do total, nunca forneceram informações sobre acidentes laborais. Há ainda casos de países que enviaram dados pela última vez no século passado.
A concluir, Telmo dos Santos defendeu que promover ambientes laborais seguros não deve ser encarado como um custo, mas como um investimento necessário e urgente no capital humano. Reforçou a importância da formação contínua, da comunicação efectiva e do comprometimento das lideranças institucionais.
“A segurança no trabalho deve ser uma cultura viva, alimentada todos os dias. Proteger o trabalhador é proteger o futuro de qualquer organização”, rematou.
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